CHAVES DA UMBANDA




CHAVES DA UMBANDA


“A Umbanda é uma religião espiritualista que ensina que a vida é eterna e que a nossa curta passagem aqui no plano material destina-se à evolução, ao aperfeiçoamento e à conscientização dos espíritos.

Ela é uma síntese de mistérios de fácil aplicação na vida das pessoas porque dispensam maiores cuidados nas suas ativações e suas dinâmicas de ações são controladas pelos espíritos-guias, todos ligados a um ou vários desses mistérios. Cada guia espiritual de Umbanda Sagrada é um espírito iniciado no mistério que seu nome simboliza e oculta. Sim, há nomes simbolizadores e nomes ocultadores.

- O nome “Sete flechas” é simbolizador. Já o nome “Pai João do Congo” é ocultador.
- O nome “Tranca Ruas” é simbolizador. Já o nome “Zé dos Cocos” é ocultador.

E assim é com todos os nomes usados pelos guias espirituais de Umbanda Sagrada, todos eles iniciados em um ou vários mistérios da Criação, incorporados religiosamente por ela durante sua codificação divina, codificação esta já ocorrida no plano astral antes da manifestação histórica do Senhor Caboclo das Sete encruzilhadas no seu médium, o nosso saudoso Pai Zelio Fernandino de Moraes, este sim, o iniciador terreno da Umbanda.

- Sim, há um iniciador da Umbanda no plano material e este é Pai Zélio de Moraes. Quanto aos que propugnam que ela teve um início em eras remotas ou entre outros povos, estes fazem apenas um exercício de comparatividade porque confundem a prática de incorporar espíritos, tão antiga quanto à própria humanidade, com a Umbanda.

Só não vê quem não quer que o ato de incorporar espíritos, evoluídos ou não, é antiqüíssimo e anterior ao próprio espiritismo, tão bem codificado por Alan Kardec. O próprio Zélio de Moraes, ainda moço, foi expulso de uma sessão espírita porque incorporou os espíritos de um “caboclo” e de um “preto-velho”. A estes espíritos já vinham sendo expulsos, assim como seus médiuns de outras sessões espíritas de então.

O astral serviu-se de um espírito, o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, e de um médium, o nosso saudoso pai Zelio de Moraes, para fundar uma religião de espíritos manifestadores religiosos de mistérios da Criação de Deus. Se a incorporação é um dom e muitas pessoas possuem esse dom, assim também a Umbanda é uma religião que tem nesse dom um dos seus fundamentos. Agora, que já existiram, existem e sempre existirão religiões mediúnicas, disso não temos dúvidas. Os cultos afros e os ameríndios são fundamentados na incorporação coletiva ou individual de forças invisíveis.

Que alguém vá até um pajé indígena, até um xamã mongol ou siberiano e até um feiticeiro africano e diga-lhe que ele é umbandista, e com certeza esse alguém ouvirá a pergunta: ‘o que é umbandista?’

Será um tanto embaraçoso para esse alguém explicar para o pajé, para o xamã e para o feiticeiro africano o que é a Umbanda, já que com eles praticam algo similar ao que praticam os médiuns umbandistas e, com certeza, eles perguntarão: 

‘Qual é a idade da sua religião’?

E, ao saberem que ela só tem um século de existência, dirão isto: - Vocês copiaram nossas práticas que são seculares, não?

- E não adiantará dizer-lhes que a Umbanda é a fiel depositária dessas práticas milenares, distorcidas após a ‘queda’ disso ou daquilo, certo?
O fato é que a Umbanda é uma religião praticada por muitas pessoas, a maioria possuidora dos mesmos dons xamãs, dos pajés, dos feiticeiros e dos médiuns espíritas. Apenas exercitam estes dons segundo uma dinâmica própria, já que os dons, todos os possuem em maior ou menor intensidade.
E ponto final!

Agora, quanto aos mistérios, há várias formas de serem ativados e colocados em nosso benefício.

A Umbanda coloca-os em ação a partir dos guias espirituais ou de certas práticas de magias adaptadas à nossa época, à cultura e às necessidades dos seus adeptos.

- Que negue quem quiser que a Umbanda seja uma religião iniciada por Pai Zélio de Moraes.

- Que aceite quem quiser que ela começou com ele.

- Que todos aceitem que a mediunidade em suas muitas faculdades é exercitada desde os primórdios da humanidade, e, portanto, a Umbanda é uma religião mediúnica.

- Mas que ninguém negue que ela é de fato uma religião dos mistérios de Deus!” 
Saraceni, Rubens. Tratado Geral de Umbanda: As chaves interpretativas teológicas. São Paulo: Madras, 2005. pág. 31/33 ).



Fonte: 
Paulo Machado