Sobre a bruxaria


Temos algo de bruxo dentro de nós? Existem eus psicológicos bruxescos, ligados à quinta esfera infernal, que se manifestam em nossa psique, em nível inconsciente? Vejamos o que o venerável mestre Samael Aun Weor conceitua sobre o tema dos Eus da Bruxaria:
Faz 50 anos, vivia em uma aldeia do condado de Sommerset, uma velha que era por todos considerada como bruxa. Seu corpo era seco, encurvado pela idade e andava com muletas. Sua voz era cavernosa, de misteriosa mas simulada solenidade; de seus olhos brotava um fulgor penetrante que deixava mudo de espanto todo aquele sobre quem seu olhar recaísse.
De repente, um jovem saudável e moço, de uns 21 anos, da mesma localidade, foi assaltado por um pesadelo tão persistente que sua saúde foi afetada e num prazo de três a quatro meses ficou debilitado, pálido e magro, com todos os sintomas de uma vida que se esgotava.
Nem ele nem ninguém dos seus duvidava da causa e, depois de celebrar conselho, ele tomou a decisão de esperar acordado pela bruxa.
Assim, na noite seguinte, por volta das onze e meia, percebeu uns passos silentes e sigilosos na escada.
Assim que o amedrontador ser chegou ao quarto, foi ao pé da cama, subiu nela e se arrastou lentamente até o moço.
Ele deixou até que ela chegou aos seus joelhos e então agarrou-a com as duas mãos pelos cabelos, segurando-a com convulsa força, enquanto chamava sua mãe, que dormia num quarto contíguo, para que trouxesse a luz.
Enquanto a mãe buscava a luz, o moço e o ser desconhecido lutaram às escuras, rolando ambos furiosamente pelo solo, até que ao primeiro vislumbre da escada a mulher safou-se com força sobrenatural do jovem e desapareceu como um relâmpago de sua vista. A mãe encontrou seu filho de pé, ainda ofegante pelo esforço e com mechas de cabelo nas mãos.
Quando me relatou o fenômeno, disse Barnett, perguntei-lhe com curiosidade de onde havia tirado o cabelo. Ao que ele respondeu: “Fui tolo em não ter conseguido segurá-la, pois isso teria demonstrado melhor a identidade da pessoa”.
Porém, no torvelinho das minhas sensações, fi-la cair no chão e a bruxa, a quem pertenciam os cabelos, teve o bom cuidado em não aparecer mais à minha vista, nem de vir molestar-me mais à noite, pois havia levado uma boa surra.
É estranho – acrescentou – que, enquanto a segurava e lutava com ela, embora eu soubesse quem devia ser, sua respiração e todo seu corpo pareciam de uma moça saudável.
O homem a quem isto aconteceu vive ainda; contou-me esse episódio mais de uma vez e por isso mesmo posso certificar sobre a autenticidade do fato, pensem o que quiserem sobre a causa.”
Comentando o caso, o sábio Waldemar diz o seguinte: “Esse relato contém dois pontos de muito peso. Em primeiro lugar, o jovem sabia que seu pesadelo tinha por causa a bruxa que vivia na localidade e, também, conhecia esta bruxa de fugazes encontros ao passar por ela durante o dia e de suas visitas astrais noturnas.
Em segundo lugar a bruxa, encurvada pela idade e sustentada por muletas, transformou-se, ao cabo de vários meses, durante os quais ele foi se debilitando e se consumindo, na imagem de uma exuberante moça. Onde podemos encontrar a causa deste evidente rejuvenescimento da velha?
Para responder a essa pergunta, continua dizendo Waldemar, devemos levar em conta o mecanismo do Eidolon, o duplo.
Se a aura que envolve e rodeia os seres representa também um reflexo fiel de seu corpo, de maneira que nela se encontram correspondentemente contidos, com exatidão, seus defeitos e debilidades, o corpo duplo apresenta, por assim dizer, uma marcante evidência que, por exemplo, se manifesta, amiúde, em feridos graves; que podem sentir dores em um membro amputado há vários anos e por certo tão intensas como se o mesmo ainda existisse.
Esta invulnerável integridade do duplo fundamenta-se no princípio criador de que a forma dada pela natureza, a congênita do ser, está contida numa espécie de primeiro germe.
Neste, como na semente encontra-se contida a estrutura de toda a árvore, acha-se oculto o ser em sua viva imagem. Mediante múltiplas falsas ações e extravios, reflete-se, no curso da vida, o tecido vibratório astral que se enlaça com o corpo primitivo.
Com respeito aos corpos primitivos, desejaríamos assinalar ainda que o professor Hans Spemann, da Universidade de Eriburgo, obteve, no ano de 1955, o prêmio Nobel de Medicina e Psicologia, devido à sua comprovação, em transcendentais estudos, de que nos primeiros estágios do desenvolvimento embrionário se acha ativo um escultor da vida, um ideoplástico químico que forma o protoplasma segundo uma imagem predeterminada.
Partindo desses estudos de Spemann, o professor Oscar E. Shotté, da Universidade de Yale, conseguiu comprovar, mediante suas experiências com salamandras, que o escultor da vida não desaparece, de modo algum, tal como Spemann havia suposto, após o tempo de desenvolvimento embrionário, mas que se mantém durante toda a vida do indivíduo.
Um pequeno pedaço de tecido, procedente da ferida de um homem, poderia, segundo o professor Shotté, ao ser injetado em um terreno virgem e vivo, reconstruir, de maneira inteiramente idêntica, todo o corpo do homem ferido em questão. Talvez os experimentos nos laboratórios de homúnculos conduzam, algum dia, a reforçar praticamente e de maneira insuspeitada, as teorias do professor Shotté.
É óbvio que a abominável harpia deste cruento relato, mediante certo modus operandi desconhecido para o vulgo, pôde sugar ou vampirizar a vitalidade do jovem para transplantá-la ao seu próprio corpo primitivo; só assim se pode explicar, cientificamente, o insólito rejuvenescimento do corpo da velha.
É inquestionável que o ideoplástico químico, impregnado pela vitalidade do moço, pôde reconstruir o organismo valetudinário daquela anciã.
Enquanto a vida do mancebo se esgotava espantosamente, a velha fatal de sinistros conciliábulos tenebrosos recobrava sua antiga juventude.
É evidente que o rapaz teria podido capturá-la se não houvesse cometido o erro de pegá-la pelos cabelos; melhor teria sido se a segurasse pela cintura ou pelos braços.
Muitas dessas harpias abismais, surpreendidas em flagrante, foram capturadas com outros procedimentos.
Algumas tradições antigas dizem: ‘Se colocamos no solo tesouras de aço abertas em forma de cruz e aspergimos mostarda negra ao redor deste instrumento metálico, qualquer bruxa pode ser capturada’.
Causa assombro que alguns ocultistas ilustres ignorem que essas bruxas possam eludir a lei da gravidade universal! Ainda que pareça insólita a notícia, enfatizamos a ideia de que isto é possível colocando o corpo físico dentro da quarta dimensão.
Não é de modo algum estranho que essas harpias, metidas com seu corpo físico dentro da dimensão desconhecida, possam levitar e viajar em poucos segundos a qualquer lugar do mundo.
É óbvio que elas têm fórmulas secretas para escapar do mundo tridimensional de Euclides.
Em termos estritamente ocultistas, bem podemos qualificar essas criaturas tenebrosas como jinas negros.
O organismo humano oferece, certamente, possibilidades surpreendentes. Recordem, amados leitores, a execrável Celene e suas imundas harpias, monstros com cabeça e pescoço de mulher. Horrendos pássaros das Ilhas Estrófades, que se encontram no Mar Jônico.
O Castelo de Klingsor é o reduto da bruxaria mundial, polo contrário do sagrado Templo do Santo Graal. No Castelo de Klingsor veem-se danças e práticas profanas, enquanto no Templo do Graal, somente rituais em honra ao Cristo.
Providas de longas garras, têm sempre no rosto a palidez da fome. Fúrias terríveis que com seu contato corrompem tudo o que tocam, e que antes foram belas donzelas.
A capital principal de todas essas abominações está em Salamanca, Espanha. Ali está o famoso Castelo de Klingsor – o salão da bruxaria –, santuário das trevas, oportunamente citado por Richard Wagner em seu Parsifal.
Valham-me Deus e Santa Maria… Se as pessoas soubessem tudo isto, buscariam o Castelo de Klingsor por todas essas velhas ruas de Salamanca…
Entretanto, bem sabem os divinos e os humanos que o Castelo do Graal Negro se encontra nas terras de Jinas, na dimensão desconhecida.
Às terças e sábados, à meia-noite, ali se reúnem essas bruxas com seus zangões para celebrar suas orgias.
Quando alguma harpia dessas foi apanhada, boa sova, surra ou chicotada levou, pois a pobre gente ainda não sabe devolver o bem pelo mal.
É necessário ser compreensivo e, em vez de atolar-se no lodo da infâmia, dominar essas harpias por meio do amor; enfrentar o problema com valor e admoestar com sabedoria: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. “Porque com o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, sereis medidos”.
“E por que olhas a palha que está no olho de teu irmão e não vês a viga que está em teu próprio olho?”
“Ou como dirás a teu irmão: deixa-me tirar a palha do teu olho e eis, aqui, a viga no olho teu?”
“Hipócrita! Tira primeiro a viga de teu próprio olho e então verás bem, para tirar a palha do olho de teu irmão.”
“Aquele que estiver limpo de pecado que jogue a primeira pedra…”
Ainda que pareça incrível, é bom saber que muitas pessoas honradas e até religiosas carregam dentro de si o Eu da bruxaria.
Em outras palavras, diremos: pessoas honradas e sinceras, que em sua presente existência nada sabem de ocultismo, esoterismo etc., trazem no entanto dentro de si o Eu da bruxaria.
É óbvio que esse Eu costuma viajar através do tempo e da distância para causar dano a outros.
Qualquer interesse fugaz pela bruxaria em alguma vida anterior pode ter criado tal Eu.
Isto significa que no mundo existem muitas pessoas que, sem o saber, praticam inconscientemente a bruxaria.
Em verdade vos digo que muitos são os devotos da senda que também trazem dentro de si mesmos o Eu da bruxaria.
Concluiremos o presente capítulo, dizendo: todo ser humano, ainda que esteja na Senda do Fio da Navalha, é mais ou menos “negro”, enquanto não tiver eliminado o Eu Pluralizado.
Samael Aun Weor,  O Mistério do Áureo Florescer

(Autor Desconhecido)