Ainda Os Cavaleiros JEDI



Permitam-me falar mais um pouco sobre os Cavaleiros Jedi. Pode parecer, a quem não tem intimidade com o tema, que é um despropósito ater-me a este assunto num Portal como o STUM; mas, para qualquer um que acompanhou a saga mítica de George Lucas desde o início - como é o meu caso, e atualmente acompanhada de meu filho adolescente, a terceira geração de fãs dos Jedis - ficou claro, no decorrer destes quase trinta anos, que as trilogias "Star Wars" podem ser tudo, menos ingênuas, do ponto de vista espiritual.

Há uma mensagem bem evidente, como um veio subterrâneo, sob aquela apoteose de efeitos especiais e batalhas galácticas. Há todo um universo de símbolos, muito pouco provavelmente casuais, que indiciam um conteúdo místico claro: o próprio conceito da "Força", naquele legendário "Que a Força esteja com você", acaba de ser tomado em estudo paralelo num livro fabuloso lançado recentemente, e dirigido aos iniciados e não iniciados nos assuntos Jedi: "O Dharma de Guerras nas Estrelas", onde é analisado o significado comparativo do uso, entendimento e aplicação desta "Força" dos Jedi com a conceituação do Nirvana budista.

Encantada com o arremate da série na "Vingaça dos Sith", em cartaz no circuito nacional de cinemas, ainda na semana passada brinquei com um amigo no STUM: "Se pudesse ser Jedi, escolheria como Mestre o personagem Qui-Gon Jinn. É o mais sábio deles." Ao que o meu amigo, divertido, me classificou de "espertinha". Não entendi bem porque; mas penso adivinhar.

É, portanto, aproveitando o teor desta conversa bem humorada, que me valho outra vez do tema, explicando, principalmente aos aficcionados da Saga, e dos temas correlatos no STUM, porque, naquele universo criado por George Lucas, este Mestre Jedi em particular é o que, de fato, possui pleno domínio da Força - ou por outra, age em sintonia plena com o seu "Mestre Interior".

Observando o histórico de cada personagem - mais especificamente de cada Mestre Jedi - Qui-Gon Jinn é o único que, curiosamente, não traz dados do seu planeta de origem - como se tivesse aparecido na trama surgido do "nada" - o que justifica plenamente a característica completamente desapegada desse Mestre Jedi em particular. 

Efetivamente, mesmo no momento da sua morte, tudo o que ele demonstra é o cuidado amoroso pelo bem de toda a galáxia, ao pedir encarecidamente a Obi-Wan, seu aprendiz Padawan, que treine o menino Anakin Skywalker, porque sabia que ele era o "Escolhido", o "Equilíbrio da Força" - o menino dotado de um percentual de midicloryans indicativo da influência desta Força como nem mesmo nenhum Mestre Jedi possuía até então, e por sua vez, "curiosamente", nascido de mãe literalmente sem pai, como a própria Shmi Skywalker explica, acrescentando que nunca havia entendido: o filho simplesmente surgiu no seu ventre, e a partir daí ela o criou - o que guarda um paralelo muito interessante com algumas histórias religiosas que conhecemos.

Qui-Gon Jinn decide treinar o menino nos usos da Força e torná-lo um Jedi, desta forma sendo o único Mestre com coragem suficiente para desacatar o poderoso Conselho dos Jedi - que hesitou e relutou o quanto pôde em consentir com este treinamento, temendo a visão do futuro obscuro de Anakin que se lhes descortinava à visão interior. Mas esse Mestre decide desacatá-los, convicto de que aquele menino de futuro nebuloso, após muito sofrimento e luta, seria, no fim das contas, o responsável pelo resgate do equilíbrio da Força e da própria Ordem dos Jedi, num futuro distante. Só o menino era capacitado para, afinal, vencer a própria Ordem sombria do Sith, Jedis decaídos e vencidos pela sede de poder e ganância, a cujo poder, inicialmente, ele se rende, para se transformar, primeiro, no sombrio Darth Vader, antes de capitular e renegar a tudo o que havia escolhido ao matar o próprio Imperador do mal ao qual se submeteu - ou seja, a vitória retumbante sobre o lado negro da Força em si mesmo!

Esta atitude de Qui-Gon Jinn ilustra o estágio ao qual todos nós um dia chegaremos, quando nos tornarmos capacitados para nos conduzirmos, exclusivamente, em função da nossa clareza espiritual interior. Quando não será mais necessário nenhuma religião, nenhum Mestre, nenhuma "Ordem Jedi". Como Qui-Gonn Jin, seremos um tipo de rebelde redimido, Iluminado, e orientado seguramente pelo seu único e exclusivo Mestre íntimo: aquele que se vê definitivamente conectado apenas com as Leis da Criação, para agir em função do melhor para todos, em situação absoluta de desapego e isenção de todo o egoísmo e interesse pessoal.

Qui-Gonn Jinn não foi como Luke Skywalker, o herói vitorioso final que, apesar de tudo, no decorrer da história, ainda é repetidamente vítima de suas fraquezas humanas e paixões momentâneas, com a mente vacilando entre passado e futuro, apartada das urgências do presente. Nem tampouco como o próprio e poderoso Mestre Yoda, o anãozinho verde sábio que, contudo, apesar de reconhecer em Anakin a confirmação da predição de Qui-Gonn, vacila ao conceder a autorização para treiná-lo nas artes Jedi, temoroso dos inevitáveis males que o futuro Darth Vader ocasionaria.

Qui-Gonn Jin age responsável e decididamente, sem nenhuma margem de insegurança, sem ponderações ou hesitações, para um resultado que ele já entrevia sem nenhuma margem a dúvidas. O garoto era o Escolhido; se era o Escolhido, o desfecho de todo o conflito seria o único possível: as forças do mal estavam, desde sempre, fadadas ao fracasso, não importando, aí, todo o enredo de sacrifício e sofrimento inevitável para os Jedis e para os povos da galáxia, até que isso se concretizasse.

"Treine o menino, Obi-Wan" - ele intima seu aprendiz, sem vacilar, na hora de morrer; e acrescenta, tranqüilo e convicto: - "Ele é o escolhido. Trará de volta o Equilíbio à Força". 

Fê-lo de forma inabalável, sem se ater por um segundo aos pruridos que sua aparente rebeldia, na certa, provocariam aos conceitos estabelecidos pelo Alto Conselho da Ordem Jedi, nem se importar porque, devido a este tipo de atitude incompreendida pelos seus próprios pares, ele expirava sem ter, ele mesmo, um Mestre, tomado parte como membro do Alto Conselho. Burocracias e julgamentos não importavam, em absoluto. Tudo o que contava era o destino decisivo de toda uma galáxia, na dependência de que Obi-Wan cumprisse fielmente, como o fez, a sua promessa: treinar Anakin para ser um Jedi e o futuro resgatador do equilíbrio e da paz naquela parte do universo.

Sem erro, tornar-se um Qui-Gonn Jinn algum dia, ou ao menos o aprendiz de um, é o momento de glória para qualquer um de nós, em trajetória espiritual evolutiva. Porque esta independência suprema, esta libertação das nuvens da ignorância que nos toldam as vistas para discernir o caminho mais acertado, encarcerando-nos no círculo vicioso milenar de paixões e de enganos, em última instância, é o que todos perseguimos durante o círculo infindo de reencarnações e de vidas sucessivas, não apenas neste, mas em outros corpos planetários espalhados no infinito.

Que nesta busca atinjamos, enfim, o "Equilíbrio da Força" em nós mesmos, conquistando a liberação definitiva do mal que porventura ainda nos habite o íntimo, é a grande vitória ambicionada - e garantida!

Com amor,
Lucilla e Caio Quinto 

Médium psicógrafa das obras de autoria do espírito Caio Fábio Quinto, seu mentor espiritual, e de outros autores desencarnados. Dentre elas: O Pretoriano (Ed. Mundo Maior); Sob o Poder da Águia, Amparadores do Invisível, Pacto de Amor Eterno - Espírito Caio F. Quinto; Sonata ao Amor - Espírito Iohan (Lúmen Editorial). Ufóloga e colunista espírita